Soteropobretanos, uni-vos!!

Houve um tempo em que você ia sair com os amigos, pedia dinheiro a seu pai, ele lhe dava 10 reais e você se sentia milionário. Houve um tempo em que o ingresso do cinema, o Cheeseburger da Mc, e a passagem do ônibus cabiam perfeitamente no seu orçamento, e se bobear ainda sobrava dinheiro pra comprar 1 real de Big-Big.
Aí você cresceu, Salvador cresceu, o tempo passou, e o mundo hoje parece hostil demais para o seu bolso. Hoje você quer sair numa sexta-feira à noite, e lá e vão 15 reais (no mínimo) só pra entrar num Bar qualquer, pra ouvir um cantor qualquer que você nunca ouviu falar, e mais 15 por uma porção de bolinhos de queijo microsópicos, e mais 10 por uma cerveja quente. Hoje você quer ver um filme 3D, e a inteira no fim de semana é 28 reais, o Mc cobra preço de restaurante, e nem o Baratíssimo da Subway parece tão barato assim.
Pois é, amigo, você ficou pobre. Mas nada tema, pois este guia irá ajudá-lo a contornar essa situação de miserabilidade absoluta, com dicas e conselhos pra você economizar o seu suado dinheirinho em meio a essa Salvador de gente alto-astral, bonita e selecionada. Boa sorte!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Amor à Dívida

A segunda-feira chegou, e se, assim como eu, você não tem tv por assinatura, a sua Internet é lenta demais para baixar série, e só tem um computador na sua casa – que você precisa dividir no tapa com seu irmão mais novo – a única opção de lazer que sobrou é assistir (e falar mal, claro) a nova novela das 21h, que estreou hoje, com a mesma ladainha que você já está careca de ver há 30 anos, mas que continua acompanhando mesmo assim. Para facilitar a sua entrada na história, resolvemos trazer um breve resumo do que teve – e visando ajudar a sua familiarização com o enredo e os personagens, preferimos fazer uma pequena adaptação soteropobretana na lenga lenga, para você ter uma ideia do que vem por aí: 
Tudo começa durante a viagem de férias de uma típica família rica do Corredor da Vitória. A mãe, Pilariela Mercury (Suzana Vieira), que só faz reclamar, está de saco cheio do passeio e não vê a hora de voltar pra casa. O filho, Mateus Solanus, não tem nada melhor pra fazer e passa o tempo arquitetando planos maquiavélicos para derrubar o Castelo Rá Tim Bum e construir um prédio de 1000 andares. E a filha, Palômia Leitte (Paola Oliveira), passeia serelepe pelas ruas de Cusco, na esperança que a altitude lhe dê inspiração para compor músicas melhores. O dendê começa a ferver quando ela se bate com o andarilho Adelmo Cazarré, que fugiu para o Peru porque não fazia mais sucesso em Salvador e não aguentava mais ser chamado para cantar em festa de 15 anos. Ele e Palômia Leitte se apaixonam, para o desespero do pai da moça (que você não vai decorar o nome até o final da novela e vai chama-lo simplesmente de ‘o personagem de Antonio Fagundes’), que tinha planos melhores para a filha. O andarilho vidaloka Adelmo Cazarré convence Palômia Leitte que ela pode ser cantora de rock, ela decide gravar uma versão de uma música de Led Zepellin.
O pai da moça não resiste ao choque, tem um infarto e vai parar no hospital.




Passa a abertura da novela (terrível por sinal, pior do que a de ‘Balacobaco’). Durante o intervalo, o cantor Pablo começa a pensar numa versão de arrocha para a música, mas desiste depois de perceber que ela já estava brega o suficiente na voz de Daniel. Fim do intervalo. Volta para a novelaNo núcleo cômico (e que não apareceu hoje), em Pernambués, Valdirine Rosa (Tatá Werneck) encontra-se às voltas com sua mãe, Marciabeth Savalafreire, que não suporta mais ver a filha tentar fazer sucesso no Carnaval, e procura convence-la que o melhor é desistir da carreira artística de uma vez, e correr atrás de homem rico. Valdirine Rosa acha um absurdo, acredita que o carisma dela pode alavancar a Banda Fedor de Amor de volta para as paradas, mas logo vê que não vai conseguir competir com os Filhos de Bell, e resolve correr atrás de Neymar.
De volta à família rica da Vitória, Antonio Fagundes luta para tirar da cabeça de Palômia Leitte que ela pode ser cantora de rock. No leito do hospital, ele pede à filha para desistir da ideia e ficar só no axé – e causar um estrago menor. Enquanto isso, Mateus Solanus se vira nos 30 para esconder da esposa Ceguite (Bárbara Paz) que ele gosta mesmo é de bater o cabelo na San Sebastian.

No núcleo bonzinho da novela - ou seja, aquele que nós não queremos assistir -, Chatuno (Malvino Salvador) sofre depois de ter perdido a esposa e o filho no parto e foge para não precisar dar entrevista para a equipe do Se Liga Bocão (que tava de boa dando plantão na porta do hospital só esperando alguém bater as botas). No meio do caminho, ouve o barulho de uma criança no meio do lixo, e resolve adotar a menina, dando-lhe o nome de Vitória Esperança. 

FIM



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

E se as novelas da Globo fossem ambientadas em Salvador?

Não sei se todos sabem, mas durante todo o mês de novembro, uma equipe da Globo estará aqui em Salvador gravando os capítulos da minissérie O Canto da Sereia, que estreia no ano que vem. Durante esse período, abra bem o olho e fique com a câmera Tec-Pix a postos – você pode ir tomar uma água de coco e dar de cara com Isis Valverde, comer um acarajé e encontrar Marcos Palmeira, ou dar uma volta no MAM e topar com Camila Morgado, entre outros VIP’s do Projac, que só andam por essas bandas na semana do Carnaval. Salvador não está acostumada a receber artistas. Carla Perez, nossa mais ilustre sub-celebridade, não pode ir ali no Iguatemi que 50 mil pessoas vão pra cima dela. Wagner Moura é outro, que contou à imprensa que foi correr na orla um dia desses e não conseguiu fazer nada porque ficavam parando o coitado a cada 30 segundos. Não culpo os soteropolitanos, tadinhos. Isso é culpa da Globo, que entra ano e sai ano e não larga o eixo Rio-São Paulo para ambientar suas novelas. Tudo seria diferente se nós estivéssemos acostumados com o vai e vem dos atores, com o fuzuê de uma gravação na praia, e com as inconveniências de uma rua bloqueada para a filmagem de uma cena. Vejamos agora como seria esse maravilhoso mundo do Projac, do show business e das presepadas novelísticas na minha, na sua, na nossa Salvador:

1 – ‘Encruzilhadas de Família’, por Manoel Carlos 

Helena (Vera Fisher) é uma mulher comum. Moradora da Graça, bairro nobre da Zona Sul soteropolitana, mantém hábitos triviais como correr no calçadão da Barra, jantar no Bahia Marina, fazer yoga, pilates, e drenagem linfática, gosta de jazz, ópera, e Bossa Nova, e vive com sua filha Camila (Carolina Dieckman) e seu cachorro yorkshire feliz e contente na sua vida normal. Mal sabia ela que tudo mudaria quando o mauricinho Edu (Reynaldo Gianechini) batesse em seu carro num cruzamento de Ondina. O mauricinho pegador, estudante de Administração e cansado dessa vida de festa de camisa em Sauípe, logo se encanta pela coroa Helena e os dois iniciam um tórrido caso de amor. Camila, a própria filha, tomada pela inveja, decide preparar um ebó para separar o casal, e prepara a galinha preta, a cachaça e o dendê na encruzilhada da Vasco da Gama com a Garibaldi. O mauricinho, misteriosamente, termina tudo com Helena, e decide ficar com Camila. Mas o feitiço custará caro para a jovem, que um belo dia, após comer uma esfirra no Habib’s, pegará uma infecção intestinal generalizada que colocará em risco a sua própria vida.

2 – ‘Caminho de Areia’, por Glória Perez 

Maya (Juliana Paes), é uma alegre jovem operadora de telemarketing que vive com seus pais numa casa no Largo de Roma. Ela ainda não sabe, mas está prometida para Raj (Rodrigo Lombardi), de uma próspera família da Ribeira. Ambos, nascidos em Feira de Santana e pertencentes à casta dos Feirenses, ainda não se conhecem, e infelizmente já estão apaixonados por outras pessoas. Ela, por Bahuan, um dálit (intocável), da casta dos nascidos em Candeias, e portanto, um amor impossível de acordo com as tradições da cultura feirense. Ele, por uma firanga estrangeira de São Paulo, e considerada desmiolada para a família de Raj, esta fiel seguidora dos hábitos e costumes do povo de Feira de Santana. Paralelamente, a autora garante explorar o seu lado “merchandising social” através de links ao vivo do quadro Desaparecidos do Bahia Meio dia, na Praça da Piedade. No núcleo engraçadinho da novela, ambientado na Liberdade, a fogosa Kelly Ciclone (Dira Paes) promete arrancar boas risadas com seu marido corno, vivido por Robert Pattinson.

3 – ‘Leokretidade’, por Gilberto Braga 

A produtora cultural LéoKret (Malu Mader), rica, famosa, e bem sucedida, vive feliz no seu apartamento do Corredor da Vitória, mas não sabe que secretamente desperta a ira, a inveja e a cobiça da sua secretária, Fabety Boca de Motor (Cláudia Abreu), uma mulher de origem humilde, mas que faz de tudo para alcançar seus objetivos. A secretária jura vingança por ter sido preterida por LeoKret no concurso de dançarina de uma banda de pagode, e não vai sossegar enquanto não destruir a vida de sua rival e de seu sócio, Neilton de Castro (Hugo Carvana). No capítulo 100, a reviravolta de Fabety e um assassinato garantem o toque policial da trama, que promete mexer com o Brasil e com os salões de beleza com o grande mistério da novela, ‘Quem matou Neilton?’.

4 – ‘Senhora do Retiro’, por Aguinaldo Silva 

Ivete do Carmo (Suzana Vieira), retirante de Juazeiro, no interior do sertão baiano, resolve se mudar com seus cinco filhos para Salvador em busca de novas oportunidades de vida. Bastante inocente e assustada com a cidade grande, a moça aceita a ajuda de uma loira misteriosa, que promete cuidar de sua filha Lindalva, mas a mulher acaba roubando o bebê e fugindo, para o desespero de Ivete do Carmo. Mal sabia Ivete, mas a loira era a cruel, perversa e inescrupulosa Claudiaré Leittesco (Renata Sorrah), que cria a filha de Ivete do Carmo como se fosse sua, e dá o golpe do baú no ingênuo e sonhador Saulo Fernandes (Tarcísio Filho). Anos depois, e ainda em busca da sua filha perdida, Ivete do Carmo, dona de uma loja de material de construção no Largo do Retiro, descobre a identidade da sua inimiga e promete acertar as contas com a bandida invejosa. Entretanto, Claudiaré Leittesco, expert na arte do fingimento e da dissimulação, promete que não vai entregar o amor de Lindalva assim tão fácil, e fará de tudo para acabar com a vida de Ivete do Carmo e com a vida de todos nós, com o lançamento do seu cd ‘Negalora’.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ganhei na Loteria. E agora?

Pobre não vale nada. Vive reclamando que não tem dinheiro, deixa as crianças comendo cream cracker porque não tem 1 real pra comprar pão, mas todo fim de semana tá fazendo uma ‘fézinha’ na casa lotérica da esquina. Ele sabe que as chances de acertar as dezenas da mega-sena são mínimas. Ele sabe que enquanto está fazendo UM único jogo, amigos ricos fazem bolão com 500 jogos e Thor Batista compra 96.285 sequências (com metade do dinheiro da mesada). Mas ainda assim, o pobre, que não vale nada, sai da casa lotérica crente e abafando que já é milionário. Eu sei disso, porque EU sou assim.
E aí o pobre chega em casa, manda a mulher botar mais água no feijão e diz que a família precisa comemorar. A esposa não entende e o marido – aquele traste que poderia ter trazido pão – mostra o bilhete da mega-sena. ‘Vai ser dessa vez, mulher!!’, ele afirma, convicto. ‘A gente vai sair desse barraco, e graças a esse bilhete premiado aqui!’. A mulher, que também não vale nada, a princípio briga, diz que deveria ter escutado a mãe e nunca se casado com aquele encosto, mas aos poucos cede aos encantos daquelas seis dezenas no papel. ‘E se for a nossa vez?’ ela pensa. ‘E se eu for a próxima Griselda Pereirão?’, sorri, confiante. ‘Vou embora de uma vez por todas desse bairro, vou morar num condomínio, ter empregada doméstica, viajar de avião, almoçar fora, ai meu Deus é esse bilhete! É esse! Estamos ricos!’.
Tadinhos. Aí chega o dia do sorteio, eles reúnem os amigos em casa, os parentes do interior, abrem a garrafa de São Jorge e ficam só esperando a confirmação do que já sabiam – que estavam milionários. Mas óbvio que no final das contas quem acaba ganhando são aqueles amigos ricos que fizeram o bolão, ou Thor Batista, que nem precisa desse dinheiro, mas quer mandar fazer um clone seu para ir preso em seu lugar quando atropelar pessoas desatentas.
Mas vamos supor que eu esteja apenas sendo pessimista. O pobre também pode ganhar na loteria, por que não? Por isso, hoje o Guia vai ser dedicado para você, miserável de pai e mãe, e que perde dinheiro mas não perde a esperança. O que fazer caso, por uma eventualidade do destino, você seja o próximo milionário de Salvador? Aqui vão algumas dicas para você aplicar bem a bufunfa, se adequar ao estilo de vida da Casa-Grande soteropolitana – sem denunciar a origem na Senzala – e de quebra, quem sabe, aparecer na coluna social de July, do Jornal A Tarde, que você até hoje não sabe para que serve.

1 – Escolhendo o bairro onde morar: Vitória, Horto ou Itaigara?

O pobre se deslumbra fácil e não sabe pra onde ir com aquela dinheirada toda. O primeiro passo é arrumar um teto.
Você se arruma, vai na imobiliária e o corretor com cara de paisagem tenta te empurrar um apartamento num condomínio em Alphaville, com 50 piscinas, varanda gourmet, salão de jogos, salão fitness, salão de beleza, spa e supermercado. Não aceite. A última coisa que você quer é dar a impressão que é algum emergente que ficou rico recentemente, e é justamente essa a impressão que a aristocracia de Salvador tem sobre quem mora na Paralela. Então descarte essa possibilidade.
O Itaigara deve ser a sua opção inicial. Bairro familiar, com várias opções de lazer e gastronomia, escolas para matricular os rebentos e o maior Índice de Desenvolvimento Humano da cidade (0,971, superior inclusive ao IDH da Noruega).
A segunda opção é o Horto Florestal, que você nunca foi, mas que certamente já ouviu alguma amiga empregada doméstica reclamando do quanto sofre caminhando para chegar no trabalho, já que no Horto não passa ônibus. Um bairro de riqueza, arranha-céus e mansões de luxo, cercada pelo Engenho Velho da Federação, Nordeste de Amaralina e Engenho Velho de Brotas. Praticamente um feudo.
Mas a opção com a qual todos sonham, é claro, é o Corredor da Vitória. De longe, o metro quadrado residencial mais caro de Salvador (R$12.000,00/m², em alguns apês), a rua mais arborizada, vista definida e 180º para a Baía de Todos os Santos e um píer lá embaixo para você chamar de seu, enquanto seus amigos se estapeiam por 30 cm de areia no Porto da Barra. Na Vitória, o apartamento mais caro da cidade não está no Edf. Morada dos Cardeais (vulgo ‘o prédio de Ivete’), como muita gente pensa, mas no Edf. Margarida Costa Pinto, onde um puxadinho chega a custar a bagatela de R$8.000.000,00. Quase o PIB de um país da África.

2 – Mobiliando o apartamento: Alameda das Espatódeas

Diga adeus às Casas Bahia, à Ricardo Eletro e à Insinuante. O luxo em Salvador tem endereço e atende pelo nome de Alameda das Espatódeas, no Caminho das Árvores. Aquela rua que você só sabe que existe porque seu ônibus passa por lá antes de chegar na Av. Paulo VI.
São as vitrines mais bonitas de Salvador, onde você vai poder comprar seus móveis com sossego, atendimento personalizado, e adquirir objetos únicos, como vasos da dinastia Ming, que você nem sabe para que servem, mas que precisa ter em casa para receber as visitas.
VOCÊ SABIA? No Natal, as lojas promovem uma confraternização muito bonita, com decoração escandinava, papai Noel, duendes e champagne. Mas como você nunca será convidado, sugiro que comece a parcelar sua viagem para a excursão Natal Luz de Gramado desde já.

3 – Almoçando fora: Chez Bernard

Você é daqueles que conta os dias do ano para chegar a Restaurant Week e poder comer nos restaurantes mais caros de Salvador por preço de banana, né?
Mas o Chez Bernard, meu amigo, não participa dessa festa da uva da classe média. Com vista infinita para a Baía e talvez o cardápio mais caro da cidade, a conta do seu almoço já vai começar com três dígitos e a partir daí, o céu é o limite. Aqui só entra rico e ponto.
Na adega do Chez descansam mais de 200 rótulos diferentes de vinhos, incluindo uma seleção especial de exemplares nobres que chegam a custar R$31.500,00, como a garrafa do francês Domaine Romanée-Conti 1990. Quanto aos pratos, um dos mais famosos é o pato ao molho roti, na faixa dos 90 reais, que é cozinhado por três dias, resfriado a uma temperatura próxima do 0 Kelvin, e assado novamente, em banho-maria, com água proveniente do degelo do Himalaia. O pato é coisa fina, e com o perdão do trocadilho, não é para o seu bico.

4 – Opções de Lazer: #partiuPraiadoForte

Chega de levar o isopor e a farofa para a Praia da Ribeira. O rico em Salvador, quando o céu está azul e o Sol a pino, só tem três opções: pegar a lancha no Bahia Marina para dar uma volta pela Baía, tomar uns drinks no Yacht Club, ou se misturar com a classe média - que pensa que é rica - em Praia do Forte. Porto da Barra, nunca mais.
Também chamada de ‘Polinésia Brasileira’ (que exagero, hein?) pelos pesquisadores, que destacam a diversidade do ecossistema marinho, nossa Praia do Forte, a pouco mais de 50Km de Salvador, é o refúgio para os milionários da cidade que ainda não têm dinheiro para comprar a sua própria ilha. Apelidada carinhosamente de ‘A Búzios do Nordeste’, é cheia de resorts, lojas caríssimas, restaurantes badalados e aquela sensação de se sentir turista a poucos quilômetros de casa. De quebra, uma das melhores sedes do Projeto Tamar do País, e passeios de ecoturismo na Reserva da Sapiranga.

5 – Fazendo compras: Alameda das Grifes do Iguatemi

Quando o Salvador Shopping foi inaugurado, muita gente se surpreendeu. ‘Loucura’, pensaram alguns. ‘Um shopping desse nível aqui nessa cidade, não vai ter futuro nenhum, não vai ter público, e ninguém vai ter dinheiro para comprar ali’.
De fato, o ano era 2007, e Salvador só conhecia o Iguatemi (o Barra não conta, já que atende basicamente à demanda dos moradores da Zona Sul) como grande centro de compras da cidade. Aí veio o Grupo Paes Mendonça, e com o conceito importado dos shoppings de Miami, presenteou a cidade com o Salvador Shopping, naquele que foi, talvez, o maior empreendimento da iniciativa privada da década passada na Capital baiana. O Salvador Shopping não foi só um sucesso instantâneo, como foi duplicado no ano seguinte, vindo a se tornar o 3º maior Shopping do Brasil em área construída (atrás apenas do Shopping Aricanduva, em São Paulo, e do Shopping Dom Pedro, em Campinas). A propósito: #chupaRecife!!!
E aí começaram a dizer que o Iguatemi estaria condenado. Que não tinha cabimento dois centros comerciais tão próximos um do outro, que o Salvador Shopping era muito mais bonito, que ninguém ia querer saber mais do Iguatemi e ele ia fechar as portas. Ledo engano. O Iguatemi não só manteve o posto de shopping mais movimentado da cidade (em parte, graças à proximidade com a Rodoviária e o fácil acesso por transporte público), como se reinventou e continuou apresentando o metro quadrado comercial mais caro de Salvador: a Alameda das Grifes.
Você provavelmente nunca passou por lá, já que só anda no 1º piso. Basicamente, é o corredor mais amplo e mais bonito do Iguatz, onde no inverno o ar condicionado é reduzido a próximo de 15 graus para que as madames possam passear de echarpe e casacos de pele sem suar feito cuscuz. Apresenta lojas como a Zara (que na Europa, é marca de pobre), Richards, Adidas, Osklen, Lacoste e a Carlos Miele, onde os preços na vitrine alcançam as cifras de R$ 5.000,00. No meio do caminho, o Pereira Café para você descansar as sacolas das compras, ou o Outback Steakhouse para tomar um chopp, se estiver na hora do happy hour.
Enfim, é isso. Espero que esse Guia tenha ajudado, para o caso de você ganhar na loteria nos próximos meses, ou quem sabe, nessa semana, e não souber o que fazer com o prêmio. Guarde as informações, compartilhe com os amigos, imprima e faça diferente de Nina/Rita: salve num pen-drive.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Gordices Soterodiabéticas


Abrir uma lata de leite condensado, colocar duas colheres de Nescau, misturar tudo numa panela e levar para o fogão. E pouco tempo depois está pronta uma das maiores alegrias da vida do pobre – o brigadeiro. Se você também já teve que encarar aquele almoço terrível com as sobras do ensopado de domingo e depois viu seu corpo clamar e implorar por açúcar sabe do que eu estou falando. Basta seguir a fórmula do brigadeiro, e como num passe de mágica, todos os seus sonhos viram realidade e você nem consegue mais se lembrar daquele pavoroso sabor de lombo assado que estava na sua boca.
(Aliás, LOMBO é uma das coisas mais horríveis que já inventaram, mas isso fica pra outro post).
Mas como já disse alguém muito sábio, “nem só de pão – e brigadeiro – viverá o homem”, e você, como filho de Deus, também tem o direito de comer as coisas boas que o povo cria por aí, ou de levar sua namorada para um programa diferente do P.F. no Restaurante Popular do Comércio (até por que ele pegou fogo recentemente). Por isso resolvi listar 5 lugares (e iguarias) dessa nossa cidade que cada dia melhora (só que não) pra você fugir da rotina, aumentar o nível de glicose no sangue, fazer bonito pra patroa e o melhor de tudo – por um preço que cabe perfeitamente na sua renda de salário mínimo ou pior, de estagiário. 

1 – Crepe “Ponta de Humaitá” no Solar Café
Todo mundo já conhece o Museu de Arte Moderna da Bahia – na minha opinião, um dos mais bonitos do Brasil. Programinha típico de gente alternativa e do broder que quer impressionar a piveta gastando pouco – curtir o pôr do Sol sobre a Baía de Todos é muito romântico, e ainda é de graça – passar uma tarde no MAM é um passeio obrigatório para turistas e para você que está estressado e acha que distração é ficar em casa batendo papo na Internet.
O Museu fica num casarão do século XVII, e em 1969 foi restaurado e transformado em espaço cultural por ninguém menos que Lina Bo Bardi (a mesma que idealizou o prédio espetacular do Museu de Arte de São Paulo). Dentro do lugar, escondido no final de um corredor subterrâneo que provavelmente levava a alguma senzala, fica o Solar Café, um dos lugares mais sensacionais de Salvador, com comida de qualidade, vista incrível para a Baía e gente simpática e com cara de rica.
Mas falando especificamente das guloseimas, como você é pobre de pai, mãe, avó, padrasto e madrasta, pode abrir o cardápio e ir direto para a seção de sobremesas. Todas são deliciosas, mas pra mim nada supera o crepe “Ponta de Humaitá” (quase todos os pratos têm nome de bairro, então sinta-se à vontade pra comer o Rio Vermelho e se vingar de todos os engarrafamentos que você já pegou na sua vida). Basicamente é um crepe de chocolate (ao leite, meio amargo, ou branco, você escolhe), com uma bola de sorvete. Simples, eu sei, mas muito, muito, muito gostoso.


2 – Petit Gateau no Café Terrasse
O Café Terrasse fica na Aliança Francesa da Ladeira da Barra. Pense num lugar bonito, com preços altamente convidativos, uma atmosfera Cult que remete a um filme de Woody Allen, clientes franceses, alemães e peruas desocupadas, e uma vista panorâmica para o Yacht Club e a Igreja de Sto. Antônio da Barra. Tem crepe, torta, brownie, sorvete, suco, e o melhor de tudo, o petit gateau.
Tente chegar no final da tarde, escolha a mesa do canto, sob a sombra da mangueira e curta seu momento Jack e Rose com sua nega. Se ela ainda não tiver se apaixonado por você, depois dessa, vai pedir pra casar.


3 – Sorvete Sonho de Valsa na Ribeira
A Sorveteria da Ribeira dispensa comentários. Considerada a melhor sorveteria da cidade – para muitos, um título sem fundamento – o lugar já valeria a visita de domingo, ainda que o sorvete fosse horrível.
Presente em 10 entre 10 livros de viagem sobre Salvador. Parada obrigatória de todo turista que chega à cidade. Filas quilométricas às 17h. Gritaria, criança chorando, atendimento péssimo, gente se acotovelando no balcão pra conseguir fazer o pedido. Mas um sofrimento que vale a pena. Se você é menino amarelo criado pela vó e só sabe tomar sorvete de chocolate, vá no Bompreço e compre um pote da Kibon. A Sorveteria da Ribeira é para paladares criativos e que não têm medo de experimentar sabores únicos no mercado, como o de Tapioca, de Pitanga e de Coco Verde.
E se esses sabores parecem diferentes demais pra você, acostumado à promoção de duas casquinhas por 2 reais do McDonalds do Center Lapa, fique com o Sonho de Valsa. Um sorvete tão bom que ainda nem inventaram adjetivo para descrevê-lo. E para completar o programa, atravesse a rua com a patroa e sente na balaustrada com vista para a Enseada dos Tainheiros. Muito melhor do que dividir uma torta da Doces Sonhos na praça de alimentação do Salvador Shopping.


4 – Qualquer coisa no Cafelier
Uma água mineral. Uma empada. Um café. Uma pizza. Uma fatia de torta. Qualquer coisa – qualquer coisa MESMO – vale a pena na sua visita ao Cafelier, o lugar em que Salvador vira Paris.
Localizado num casarão num dos bairros mais charmosos da cidade, o Santo Antonio Além do Carmo, a decoração é totalmente de um café tipicamente francês. Móveis antigos, livros espalhados, quadros, discos de vinil, e aquela bagunça organizada que torna tudo ainda mais atraente. E na varanda, vista definida para a Baía de Todos os Santos.
Importante destacar: tirando os casarões históricos e as ruas de paralelepípedo, o Santo Antônio Além do Carmo é um bairro TOTALMENTE DIFERENTE do Pelourinho! Não espere encontrar gente vendendo fitinha do Bonfim, roda de capoeira no meio da rua, garoto tocando berimbau e baiana de acarajé com sorriso mais falso que nota de 3 reais. Graças a Deus.


5 – Torta de Mil Folhas na Abuela Goye
A Abuela Goye é uma rede de doces, cafés, tortas, sorvetes e outras gordices lá da Argentina. Faz o maior sucesso por lá e pasmem – ninguém havia pensado em abrir uma filial aqui no Brasil.
Aí um estudante de Administração da UFBA fez um intercâmbio lá pela Patagônia, se apaixonou pelos quitutes, e vejam só, resolveu abrir uma loja no meu, no seu, no nosso....Salvador Shopping!! (quando eu falei “nosso” você pensou no Piedade, admita), transformando a capital da Bahia na primeira cidade do Brasil a contar com uma filial da franquia – pausa para gritar “CHUPA, SÃO PAULO!”.
Como todos os produtos são IMPORTADOS e chegam a Salvador de navio, os preços são (meio) um pouco (muito) caros, mas nada que vá te levar à falência. E entre o alfajor, os doces dos mais diversos, os sorvetes, e chocolates, a coisa que vai fazer seu coração parar e te levar pro céu da gulodice é a torta Mil Folhas, recheada com doce de leite. Um negócio tão gostoso que parece até que é de mentira. E antes que você passe na quitanda do seu Zé, compre aquele doce de leite de Itaberaba e tente fazer a torta em casa, desista. O doce de leite da Abuela Goye é produzido através das vacas criadas na Patagônia, alimentadas com sabe-Deus-o-quê e um sabor que não se compara a nada fabricado por aqui.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A Evangélica da Boca do Rio


Ninguém entendeu nada quando Ludmila disse que tinha virado crente. Foi numa tarde de domingo, quando ela estava de pegação com Tiaguinho no beco atrás da farmácia. Tavam lá se atracando na parede, no maior lesco-lesco, aí sem mais nem menos, ela empurrou o garoto, limpou a boca e disse:
- Cansei. Agora sou de Jesus.
Mas não era Jesus, o filho do padeiro, não! Naquela mesma tarde, ela foi pra casa, escolheu a roupa mais cafona da avó, pôs um coque no cabelo, e para a surpresa de todos, se mandou pro culto de uma Igreja que ficava ali na esquina da Mercearia de seu Zé. E assim se seguiu no outro domingo. E no outro. E no outro. E em questão de um mês e meio, ela já fazia parte do Coral, era Professora da Escola Bíblica e Sub-Coordenadora do Grupo das Missionárias. E já não lembrava em nada - nada mesmo - a outrora piriguete predadora sanguinolenta e destruidora de lares da Boca do Rio.
Sim. Antes de virar pirigospel, Ludmila era uma devoradora insaciável. Pegava tudo e qualquer coisa que se movesse, caísse na água e fizesse TCHIBUM. Seu prato preferido era homem casado. Se fosse casado, e ainda por cima crente, aí ela não sossegava enquanto não levasse pro beco. E o que ela fazia com eles no beco, meu irmão, não queira nem saber. Daí foi que ninguém entendeu quando a garota resolveu que ela própria ia virar crente e largar a vida de sodomia e fornicação.
Foi uma tristeza, uma comoção geral, um luto eterno entre todos os homens do bairro. A Boca do Rio ficou menos suja, os assaltantes perderam a vontade de assaltar, os pinguços não queriam mais tomar cachaça, e ninguém mais morria assassinado. Uma lástima.
Só quem ficou feliz com a história foram os crentes - que comemoraram a evangelização de Ludmila quase como se tivessem derrotado Satanás em pessoa - e as esposas, que não precisariam mais se preocupar em ter seus maridos arrastados para o beco de Lud.
Mas a felicidade deles durou pouco. Ludmila, que não dormia no ponto, entrou na Igreja mesmo por que estava de olho no Pastor Walter, 26 anos de reputação ilibada, e recém-chegado do seminário de teologia em Atibaia. Não demorou muito e ela apareceu na sala do homem, nos fundos da congregação, toda espevitada, dizendo que queria confessar uns e outros pecados.
Bastaram trinta minutos de conversa pecaminosa para Ludmila dar o bote. Antes que o pobre Pastor percebesse, os dois já estavam nus, se acabando pelo chão, e já tinham violado todas as regras do Gênesis ao Apocalipse.
Quando terminaram, ela se levantou, se vestiu como se tivesse acabado de tomar um cafezinho, escreveu alguma coisa num bilhete, deixou em cima de uma mesa, e se mandou.
Pastor Walter, coitado, a essa altura não lembrava mais nem qual era o nome dele. Colocou a calça, a camisa, a gravata, e tentou se recompor. Aí olhou para a mesa e viu o bilhetinho que Ludmila havia deixado embaixo de sua Bíblia:
"A tua vara e o teu cajado me consolam. Obrigada por tudo. Beijos, Irmã Lud".

segunda-feira, 12 de março de 2012

Andando de Ônibus em Salvador

- Cobrador, passa em Cajazeiras VI?
- Não.
- E em Cajazeiras VIII?
- Também não.
- E em Cajazeiras XI?
- Não passa em nenhuma Cajazeiras, meu filho, esse aqui é o Campo Grande R1, vai pro Rio Vermelho, Federação, Canela...
- Ah, então não passa em Cajazeiras?
- NÃO!
- Ah, então pede pro motorista parar no próximo ponto que eu vou descer!

Pronto. Um simples diálogo como esse, e você já garantiu uma viagem de ônibus sem pagar passagem. O método é simples, mas exige um certo conhecimento do itinerário das linhas de ônibus da cidade.
Sabe quando você tem que ir ali na padaria da esquina, que não é tão perto, mas também não é tão longe, e tá com uma preguiça retada de ir andando? Então, é pra isso que serve a dica de hoje. “Ah, Iuri, então você está dizendo pra eu sair por aí traseirando no busú de Paripe até Itapuã, né?” Não, não é isso, tudo tem limite. Vá para o ponto de ônibus mais próximo da sua casa, suba no veículo, e puxe um papo legal com o cobrador enquanto aquela padaria da esquina se aproxima e você economiza uma paletada com essa sua canela de pobre. Quando estiver na hora de descer, pergunte qualquer coisa estapafúrdia (ex.: Se o ônibus de Praia do Flamengo passa na Mata Escura), peça pra descer e seja feliz.
A distância a percorrer é mais longa? Aí não tem jeito, você vai ter que pagar a passagem, de preferência com o Salvador Card, e ter uma das maiores aventuras da sua vida de soteropobretano: andar de ônibus em Salvador.
ABRE PARÊNTESES - Tenha medo, muito medo, dos ônibus com ar condicionado. São mais caros, não aceitam Salvador Card, e além de tudo, são os mais assaltados da cidade, pela grande circulação de dinheiro, pela ausência de cobrador, e também por que como os vidros são todos escuros, ninguém da rua percebe o putetê que está havendo lá dentro – FECHA PARÊNTESES.
O primeiro passo é escolher o lugar para se sentar (na remota possibilidade de HAVER um lugar). Procure ficar sempre na janela, menos pelo vento (quase inexistente nesse calor insuportável) e mais pra evitar o roça-roça dos passageiros que ficam em pé. Acredite, você não vai querer nenhum objeto-não- identificado fazendo “carinho” no seu ombro. Se não tiver jeito, vá em pé mesmo, certifique-se de colocar a mochila/bolsa sempre na frente do corpo e fique batendo com ela propositalmente na cabeça do passageiro que estiver sentado. Uma hora ele irá se sensibilizar e vai se oferecer pra segurar a mochila pra você. Ah, na hora de escolher o lugar pra ficar em pé também, você precisa de sagacidade! Nada de ir para o fundo do ônibus – quem senta lá, geralmente, só vai descer no fim da linha, nem muito na frente, onde estão os velhinhos conversadores que falam mais que a nega do leite. A idéia é ficar de olho nos passageiros sentados e imaginar em que ponto de ônibus vão descer, principalmente estudantes (ex: uma criatura com a farda do Colégio Integral, em geral, tende a descer do ônibus no ponto do Colégio Integral), ou funcionárias de terno, que são na maioria das vezes secretárias/recepcionistas dos Centros Médicos/Empresariais da região do Itaigara/Iguatemi/Tancredo Neves.
Achou um lugar pra sentar? Perfeito. Tire o seu mp4 da mochila, coloque o fone no ouvido e curta a paisagem, se o ônibus for pela orla, ou não curta, se for pela Bonocô. “Ah, Iuri, por que eu tenho que usar fone de ouvido, se um cara lá no fundo do ônibus coloca em alto-falante pra todo mundo escutar o pagode dele?” Muito simples. Por que todo mundo pode até se incomodar com aquele cara que coloca o pagodão nas alturas e se acha o Dj do busú, mas ninguém vai lá dizer uma palavra a ele, porque todos tem amor à sua própria vida. Agora você, com essa sua cara de menino criado no playground da Pituba, se fizer o mesmo, no mínimo será amarrado pelos passageiros, acorrentado no pneu do ônibus e terá o corpo arrastado pela Avenida Paralela. Fique na sua e ouça seu negócio quieto, que ninguém te bole.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Vá em Dinha, mas não necessariamente para comer Acarajé

A sexta-feira chegou e você mal consegue comemorar direito, porque não tem um tostão pra comprar nem um geladinho na quitanda da esquina. O que fazer? Passar a madrugada no Facebook? Nada disso, basta ligar pra um amigo pedindo carona e se mandar para o lugar mais democrático da noite soteropobretana: o Largo do Acarajé de Dinha.

Aí você me pergunta: "Mas como assim, o Acarajé de Dinha? Lá é muito caro!!". E eu respondo: Sim, caro amigo, o acarajé da baiana mais famosa da cidade não custa pouco. Mas quem disse que você precisa comer pra se divertir? Seja esperto, tome seu café em casa, se entupa de pão de milho, broa, pão de sal, inhame, aipim, batata doce, banana da terra e cuscuz e saia com o bucho cheio pra aguentar a fome madrugada adentro. Chegando no Largo, você tem três opções:

1 - Ficar em pé na frente da igreja com a galera alternativa;

2 - Chegar junto de algum carro com o porta-malas aberto e cair na bagaceira do pagodão;

3 - Sentar numa das mesas de plástico e contar os minutos antes que o garçom perceba que você não vai consumir nada e te expulse a socos e pontapés. Aliás, quando eu digo "consumir" eu quero dizer no mínimo umas 4 cervejas, viu? Porque eu já estive lá uma vez, pedi só um copinho de água mineral e o garçom me tirou da mesa dizendo que eu podia beber água em pé. Sério.

O que você, na condição de soteropobretano, nunca, jamais, em hipótese alguma, e sob nenhuma ciscunstância deve fazer é se render aos encantos dos barzinhos que ficam AO REDOR do Largo de Dinha. Acredite, você vai pagar caro, muito caro, vai pegar uma fila desgraçada pra entrar, vai ter um cantor fuleiríssimo dizendo que canta MPB mas que você sabe no fundo que é Seresta/Arrocha, e no final, vai ter gasto 100 reais e vai continuar morrendo de fome e tão sóbrio quanto um monge beneditino. Se você quer uma experiência antropológica de verdade, onde misteriosamente mauricinhos, pagodeiros, alternativos, e roqueiros de Salvador dividem o mesmo espaço, então o Largo de Dinha é o seu lugar.